“Passamos a viver a era do bandido que obedece aos superiores, corre risco de morrer mal saído da adolescência e dá à vida alheia o mesmo valor que atribuem à dele”. Quem já passou por alguma situação de violência sabe exatamente qual é a sensação de ver a própria vida valer nada diante de uma arma (não necessariamente de fogo). E com certeza vai parar por um instante, com a memória traumática que insiste em voltar à mente, quando chegar a esta frase no meio do epílogo do livro final da trilogia dos presídios de Drauzio Varella.
Prisioneiras vai muito além do universo das cadeias femininas: fala sobre a organização do crime comandada pelo PCC, o Primeiro Comando da Capital, dentro e fora dos presídios brasileiros.
É fato que quem já leu os outros dois livros da série, Estação Carandiru e Carcereiros (clique aqui para conferir meu post sobre a segunda obra), sabe, ao menos em parte, o que encontrará nas páginas de Prisioneiras. Mas isso não anula uma realidade: trata-se de leitura obrigatória para que seu olhar deixe de ser tão superficial sobre os presídios do nosso país e a situação da imensa maioria de mulheres criadas sob todo tipo de violência antes de se ver em uma cadeia.
Esqueça o papel de juiz e faça como Drauzio: atente às histórias dos seres humanos.
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