Até pouquíssimo tempo eu não fazia ideia de que a jornalista Ana Paula Padrão havia escrito um livro sobre a vida dela. Um amigo me emprestou há algumas semanas e, apesar do título romântico demais para uma autobiografia, decidi ler O amor chegou tarde em minha vida.
A principal surpresa é que o título não traduz o conteúdo do livro. Ana Paula fala muito mais sobre a carreira, as grandes reportagens que fez pelo mundo (como no Afeganistão ainda dominado pelo Talibã) e a reviravolta ao deixar a bancada do Jornal da Globo do que de amor – a não ser que o leitor interprete esse amor que chegou tarde como amor-próprio e autoestima.
Como jornalista, foi uma delícia saber dos bastidores das grandes reportagens e de detalhes dos dois períodos em que Ana Paula foi correspondente internacional. Ela também traz muitos dados sobre a mulher no Brasil, causa que abraçou fortemente nos últimos anos (desconhecia totalmente esse lado da Ana Paula – ignorância minha), mas sem cair no radicalismo do feminismo – concordo totalmente no seguinte ponto do livro: direitos iguais para homens e mulheres acima de tudo; mas não somos (nem nunca seremos) gêneros iguais (e que bom que existem essas diferenças!).
Já o amor romântico, com o atual ex-marido de Ana Paula (eles ainda eram casados quando ela escreveu o livro), ganha um capítulo no final. E que história linda a dos dois! Até nos faz acreditar que, em algum momento da vida, um amor que valha à pena pode surgir – mesmo que não dure para sempre.
Conclusões: qualquer outro título seria mais justo com o conteúdo do livro; efetuar grandes mudanças profissionais não é simples, mas é possível; o jornalismo ainda é essencial para o planeta; o amor pode acontecer!