Resumir este livro em uma frase não é tão difícil: um soco no estômago!
A veracidade do relato escrito por Jorge Tarquini (que foi meu professor na faculdade – professor das aulas mais empolgantes para quem realmente gostava de escrever) sobre a vida de Fabian Penyy Nacer, um ex-viciado em crack, chega a incomodar a cada virada de página. Uma verdade que vai além dos impressionantes fatos contados. Está presente também na linguagem usada: parece que você está mesmo conversando com o biografado.
Fabian realmente calcula ter fumado 20 mil pedras de crack ao longo da vida, depois de ter passado por diversos outros tipos de droga. E o que mais gera desconforto ao longo da história é que Fabian tinha tudo para não ter seguido por esse caminho – ou, ao menos, se livrado dele antes de chegar à chocante marca das 20 mil pedras e virar um morador de rua em São Paulo.
Precisamos de mais socos no estômago como o oferecido por Vinte mil pedras no caminho. É esse tipo de leitura que nos faz olhar para o outro de um jeito diferente, imaginando quantas histórias impressionantes as pessoas mais desconhecidas carregam consigo.
Tem uma frase que eu gosto muito: everyone you meet is fighting a battle you know nothing about; be kind; always (em português, algo como: todos que você encontra lutam em uma alguma batalha sobre a qual você não sabe nada; seja gentil; sempre). Pode ser um morador de rua, alguém mal-humorado no supermercado, aquele colega de trabalho insuportável, um drogado. Todos possuem histórias que desconhecemos. Sejamos mais compreensivos com o mundo – e com os Fabians da vida.