Raiva. Pena. Dúvida. Angústia. Uma das coisas que mais gosto nos livros são os sentimentos reais que as histórias de ficção me fazem sentir, ao mesmo tempo em que me levam a imaginar cenários, personagens e conversas, que sou capaz de escutar em voz alta enquanto leio.
Foram os quatro sentimentos que abrem este texto os que eu mais experimentei durante a leitura de Garota exemplar – confesso que ainda não assisti ao filme e que estou resistindo a isso por um certo egoísmo: ao ver os atores interpretando Nick e Amy, minha imaginação sobre como eles são terá que ser abandonada.
O final aberto, sem dar a certeza do que realmente aconteceu com Nick, o marido da exemplar Amy, geralmente me incomoda. Mas, aqui, não consigo pensar em outro desfecho após a forma como os dois resolvem continuar a viver quando todo o enredo se esclarece.
E seria bastante injusto dizer que Gillian Flynn não deu ao livro o melhor final depois da brilhante divisão de capítulos usando pontos de vista diferentes. O leitor chega a um nível de envolvimento com Nick e Amy que seria capaz de apontar, apenas pela forma como o capítulo se inicia, quem é o narrador – sem a necessidade de ler o nome de quem está contando a história naquele momento.
Exemplar, Gillian! Exemplar!